quinta-feira, 6 de setembro de 2012

CASO LANCE: TRECHOS DO LIVRO DE TYLER HAMILTON CONTRA LANCE ARMSTRONG


UM DIA JÁ FORAM AMIGOS


Não bastasse todo o cerco e polêmica em torno de Lance Armstrong, banido do ciclismo e do triathlon por suposto uso de substâncias proibidas, nesta quinta-feira (6 de setembro) o site Gazzetta dello Sport publicou trechos do livro “The Secret Race” de Tyler Hamilton.

Hamilton, que abandonou o ciclismo em 2008 depois de competir pela Rock Racing, admite o uso de doping e faz sérias acusações a Armstrong. Principalmente em relação ao tempo em que pertenceram a US Postal.

O livro, assinado por Daniel Coyle, possui quase 300 páginas e traz relatos fortes, não apenas sobre o heptacampeão do Tour de France. O desfecho do livro traz a seguinte frase: “A verdade realmente vos libertará."

Confira trechos do livro “The Secret Race”:

A iniciação – “Neguei me dopar por três anos. Via aquelas sacolas penduradas (transfusão de sangue) que só os mais fortes usavam, como Hincapie e Ekimov. Aí entendi o que era correr a ‘pão e água’. Estava cansado, sem energia, desesperado. O médico Pedro Celaya me ofereceu testosterona. Disse: ‘Não é doping, é pra sua saúde’. Pensei em recusar, voltar pra casa e terminar a faculdade, mas aceitei. Estava sendo promovido! Em 98 me ofereceram EPO. Era o sinal de confiança que o time precisava de mim para competir no Tour.

Edgar Allan Poe? – Em 1998, eu e Lance éramos confidentes. Debatíamos quanto de EPO deveríamos tomar. Tínhamos um código e o chamávamos de Edgar Allan Poe. Ele se tornou refém do doping e ficou preocupado ao saber, três anos depois, em 2001, que seu principal rival Jan Ullrich treinava na África do Sul e fazia uso de um tipo de sangue sintético (Hemopure).

Pantani – Lance amava a lógica, Pantani corria com paixão e instinto. E ele odiava o modo de ser do italiano. Quando Pantani atacou no começo da etapa Courchevel-Morzine, no Tour 2000, Lance ficou desesperado, fez a direção da equipe ligar para o Dr Ferrari. O médico assegurou que naquele ritmo Pantani quebraria na última escalada. Foi o que aconteceu.

Dr Ferrari – Ele era o nosso porto seguro. Ferrari era preocupado com a questão do peso. Nos obrigava a emagrecer. “Você é gordo”, dizia. Realmente só comecei a sentir os resultados quando eu emagreci. Depois que introduziram o exame que detectava EPO no Tour de France, ele nos pediu cinco minutos para buscar uma solução para o problema, e encontrou. Introduziu doses reduzidas direto na veia. Ao invés de uma 2000 unidades no intervalo de três ou quatro dias, passamos a inserir de 300 a 400 unidades diárias. Para Lance era fácil, pois as veias dele eram bem visíveis.

Jonatha Vaughters - Lance pensava que era invulnerável e falava de EPO em voz alta, até mesmo em restaurantes. Mas não tolerava que alguém se arrependesse de fazer uso de doping. Em 99, Vaughters disse que se sentia culpado. Lance e Bruynell não gostaram e no ano seguinte ele deixou o time.

(Nesta quinta-feira, Vaughters, em entrevista ao cyclingnews, admitiu o doping de outros atletas.Todos da Garmin: Danielson, Vande Velde e Zabriskie).

Até o jardineiro? - Depois do escândalo da equipe Festina, em 1998, tivemos que encontrar um novo sistema pra levar o EPO para as provas. Armstrong chamou Philippe, o jardineiro de sua casa em Nice, e combinou um esquema com ele. Philippe seguia o Tour de moto, nos . encontrava nas chegadas, no meio daquela confusão. Entregava o material para os eescaladores do time: eu, Lance e Kevin Livingston. Escondíamos as seringas dentro das latinhas de coca.

Ameaça? Não aqui - Antes do Tour da Suíça, em 2000, passei pelo teste do Dr Ferrari: 4km de subida a 9%, no monte Monzuno. Bati o recorde de Lance, mas meu índice de ematocrito chegou a 49,5%, bem próximo ao limite de 50%. Lance disse: “Ta achando que você agora é o homem a ser batido.”

Eufemiano Fuentes e CSC: Em 2002 fechei com a CSC, onde Bjaerne Riis me pediu pra contar os segredos da US Postal. Contei uma parte. A CSC trabalhava com o Dr Eufimiano Fuentes. Ele me sugeriu de usar o nome do cachorro pra classificar as bolsas de sangue (transfusão). Mas usei o número 4142, últimos dígitos do telefone de um amigo.

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