quinta-feira, 30 de junho de 2011

Matéria que saiu ontem (quarta-feira) no Correio Braziliense

Ciclismo paraolímpico - O ciclismo brasileiro sonha alto

Por Patrícia Banuth


Atualmente o terceiro melhor do país, o brasiliense João Schwindt briga para ir às Paraolimpíadas de Londres.

Após garantir uma vaga em Londres-2012, os melhores atletas do país vão à Copa do Mundo atrás de pontos no ranking internacional para colocar mais competidores nas Paraolimpíadas

Este ano, o ciclismo brasileiro foi atingido por uma onda de escândalos que abalou a imagem do esporte. Mas enquanto os atletas olímpicos chamam a atenção pelo uso indiscriminado de substâncias ilegais, os brasileiros da modalidade paraolímpica ganham os holofotes pelos excelentes resultados nas pistas internacionais.

Lauro Chaman (SP), Soelito Gohr (SC) e João Schwindt (DF) protagonizaram uma cena inédita no fim do ano passado. No Campeonato Mundial de Ciclismo Paraolímpico, no Canadá, os atletas da categoria C5 fizeram um pódio todo verde e amarelo na prova de estrada. O catarinense foi o campeão; o paulista, o vice; e o brasiliense, o terceiro. Com o título no Mundial, eles garantiram a primeira vaga do país na categoria nas Paraolimpíadas de Londres-2012.

Mas eles não se contentaram com o feito. Eles correm contra o tempo para pontuar no ranking internacional e garantir o direito de participação a mais ciclistas do país. Na próxima segunda-feira, Lauro, Soelito e João embarcam para o Canadá, onde disputam de 8 a 10 de julho a terceira etapa da Copa do Mundo de Paraciclismo da UCI (União Internacional de Ciclismo). A intenção é repetir os resultados que obtiveram na última competição, na Espanha.

O técnico da Seleção Brasileira de Paraciclismo, Romolo Lazzaretti, que nasceu na Itália, mas desde 1998 comanda o time verde e amarelo, acredita na chance de os brasileiros conseguirem mais vagas e até mesmo medalhas nas Paraolímpiadas de 2012. Ele baseia sua afirmação no ranking mundial. Segundo Lazzaretti, Lauro é o terceiro melhor ciclista C5 do mundo, Soelito, o quarto, e João, o nono.

“Eles não estão mais bem colocados no ranking porque pontuaram apenas no Mundial do ano passado e na segunda etapa da Copa do Mundo, enquanto outros ciclistas disputaram várias outras provas”, explica o treinador. “Nas Paraolimpíadas, o Brasil tem muitas chances de ganhar medalhas. Por isso, estamos fazendo um esforço para levarmos os três para Londres.”

O dono da vaga (ou das vagas) será decidido apenas no próximo ano, entre maio e junho, de acordo com a posição dos ciclistas no ranking internacional.

Dois ouros e um bronze
Na segunda etapa da Copa do Mundo de Paraciclismo, de 10 a 12 de junho, em Segóvia, Lauro Chaman foi campeão das provas de estrada e de contrarrelógio. Soelito Gohr conquistou o bronze na primeira e o 10º lugar na segunda, enquanto João Schwindt obteve dois quintos lugares. Participaram da competição 329 atletas de 35 países.

Categorias do ciclismo paraolímpico

Quanto maior é o grau de dificuldade de locomoção, menor é o número da classificação.

C1: atletas com maior grau de deficiência, normalmente amputação em um membro superior e em um inferior.

C2,C3 e C4: para entrar em uma dessas categorias é medido o grau de amputação de cada atleta.

C5: atletas com pequeno prejuízo em função da deficiência, normalmente nos membros superiores.

T1 e T2: comportam atletas que necessitam de triciclos para competir. O grau de dificuldade de locomoção é avaliado para encaixar o atleta na categoria.

Tandem: para ciclistas com deficiência visual. A bicicleta é dupla, na frente vai um ciclista vidente e, no banco de trás, o atleta cego.

Handbike: para atletas paraplégicos que utilizam bicicleta especial impulsionada com as mãos.

Candango quer vaga
O brasiliense João Schwindt entrou para o ciclismo paraolímpico em 2008. Enquanto ainda evolui no esporte, ele sonha vestir a camisa do Brasil em Londres. “Eu tenho grande esperança. Acho que se eu mantiver os resultados que venho tendo, sempre entre os cinco primeiros, é possível. Está dentro da realidade, mas sei que não posso bobear”, diz o servidor público de 33 anos, que ficou com os movimentos do braço e do ombro direitos limitados por causa de uma atropelamento.

Questionado sobre como está a briga entre os ciclistas brasileiros para representar o país em Londres, João respondeu: “O que eu posso dizer é que hoje, o Lauro é o melhor do Brasil. Eu e o Soelito estamos em uma disputa boa. Já ganhei dele em algumas provas e vice-versa. Mas, independentemente da disputa interna, estou focado no meu objetivo que é a vaga para as Paraolimpíadas”, frisa.

Lazzaretti, por sua vez, rasga elogios ao pupilo brasiliense. “O João está no ciclismo há pouco tempo. Mas o ciclismo é como futebol: tem gente que nasce com o dom. E o João, apesar de ser pouco experiente, nasceu com isso”, destaca.

Um comentário:

mulherescorremcomlobos disse...

Que ótima notícia para o esporte paraolímpico brasileiro!
Estou na torcida, principalmente por conhecer dois destes três atletas, e acreditar também no João, que não tive a oportunidade de ver correr ainda!