A principal competição brasileira de ciclismo segue os moldes da maior e
mais cobiçada disputa do mundo: o Tour de France. Pelas estradas do
interior paulista, as equipes participantes do Tour do Brasil
enfrentarão o desafio de percorrer 952 km em oito dias a partir de
domingo. Comparado aos 3.497 km divididos em 23 dias da última edição da
prova francesa, a versão nacional pode ter sua importância ou grau de
dificuldade diminuídos. Mas a presença dos principais atletas da
categoria elite e sub-23 faz do Tour Brasil um sonho de consumo dos
ciclistas do país.
O nível de exigência é alto. A participação é
restrita às 12 melhores equipes do ranking brasileiro, mais dois times
convidados e nove estrangeiros. Entre os 184 atletas inscritos nesta
edição, apenas Rafael Borges, de 30 anos, carrega a bandeira candanga.
“Há três anos, tento participar, mas sempre tenho um problema. Acredito
que todo ciclista planeja correr na prova mais importante do Brasil”,
comemora o brasiliense, que integra a equipe Memorial/Santos, campeã em
2004, na primeira edição do tour. Rafael teve como contratempo mais
sério um acidente de moto, ocorrido em 2010, a uma semana da competição,
que obrigou o atleta a se submeter a uma cirurgia no joelho. Hoje, ele
só lamenta a falta de mais competidores de Brasília.
“Claro que
estou muito feliz de estar em uma equipe de fora, afinal, estava
buscando essa oportunidade havia muito tempo. Mas, por outro lado, fico
triste. A minha vontade era de correr com bons atletas daqui.”
A
ausência dos candangos, observa Rafael, explica-se pela falta de
condições oferecidas na cidade. “Atleta profissional ganha salário, tem
estrutura e todo o apoio que o alto rendimento exige, o que não temos em
Brasília. Para disputar importantes competições, temos de entrar em
equipes de fora. Quem não quiser se mudar, fica alojado na região por um
tempo antes das provas”, afirma ele, que mantém em paralelo os
trabalhos de professor de ciclismo e representante comercial.
Preparação
Longe
dos companheiros de equipe, Rafael escolheu as estradas mais próximas
de Brasília, como as que ligam a capital a Alexânia e Formosa, para
realizar treinos de resistência. Além disso, ele recorreu a alguns
amigos para realizar o trás-moto, técnica em que um motociclista simula o
trabalho do pelotão e segue da frente para dar ritmo e aumentar a
velocidade do treino. Ao todo, em uma semana, o ciclista chegou a
percorrer 860 km.
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